exército pt. 2
211 palavras empula, pula
soldado, brilha
brilha o quanto você busca
no céu, de noite
os gritos, sabe?
é para você brilhar
pula, pula
sem cores, sem celofane
pulando, pulando, agora
levante terra, levanta massa
minha massa, outras massas
pulo, pulo, pulo, pulo
até onde vou pular, para onde, para quem
o líder verde e amarelo
brilha pouco
pulo, pulo, canto, canto
pouco me lembro do que cantava
mas cantava, com minha vozinha apagada
camuflada pela terra e farda
soldado!
veja todo esse caminho de terra
rasteje por ele
rasteje começando pelo braço direito,
coloque o cotovelo direito distendido em sua visão
arraste a terra, com a força de seu antebraço
repita com seu braço esquerdo
faça, repita
faça, repita
rastejo devagar
o tenente, na árvore, grita
“o que faz aí
rastejando devagar, pouco
te espero”
derrotado
rastejo, rastejo
pouco, pouco
colegas passam por meu lado
fazendo os mesmos movimentos
confesso, tão mais vigorosos
fico para trás
“corre, corre”, o sargento
que se pensa oficial
grita, grita
“pois, por qual motivo
não corre
o que te faz
menos que os outros
homens, fortes, gritantes
encaixados,
os que gritam”
é que sou fraco, sargento
sou fraco
não consigo ser homem
me falta músculo na perna direita, na esquerda
“é além de músculo
é vontade”