é um tanto de história
que não consigo concatenar

um tico de força
um canto de bruteza
um tanto de estrago

estive pensando sobre
os gritos
que tanto gritaram,
que tanto grito
todos esses anos

insígnia de sofrimento
nome inscrito em tecido
“meu sobrenome, não!”
pedi, inocente
tão confiante
sobre alguma forma de controle

foi do jeito que foi

foi, nem vi como foi
nem sei se, agora
consigo ver como foi
é histórico!

passa como um relance borrado
uma realidade irreal
um tanto, como um canto
sussurrado pela janela

“brilha mesmo!”

cabelo, estrelas
brilhantes, gritos
cadentes, insistentes
cabelos, cabelos
carinhos, carinhos

me sarando de anos de robustez
de bunda, de pouca liberdade
de uma ínfima vontade de fazer
pouco comigo, de me deixar acabado
por tanto
tanto
não pensar

de tanto sentir
de tanto gritar por dentro

deixo as sílabas da jornada,
abandonadas pelos meus limites
falarem por minha covardia