tive um sonho
162 palavras emestava, procurando pela bombacha
da meia que custa a ficar reta
para voltar para lá,
o quartel rosa
minha mãe, preocupada
cheguei lá, preocupado que
não estava com a farda completa
que não tinha a macheza requerida
que seria humilhado, novamente
jogado ao chão, de novo
por algo que fiz de errado
de novo, e de novo
o sargento me cumprimentou, alegre
como visse um velho amigo
falava dos velhos tempos
e apontava para onde deveria ir
“vai lá, sarsi, é por ali”
andava pelo chão de mármore reluzente
mas algo estava diferente
sem farda, marchando descompassadamente
olhava de um lado para o outro
militares sorriam para mim
estava livre
cheguei em uma sala,
lá deveria provar que poderia
ensinar
cadetes, soldados, militares
como professor
os outros candidatos me informaram:
“nós não usamos farda, usamos outra roupa”
não importa se falta uma peça da farda,
um coturno a menos, um a mais
submisso não estava mais
a eles,
tinha algo a ensinar